Resumo: | As práticas populares de cuidado marcaram as vidas das pessoas que viveram antes da consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Nesse período, em algumas regiões do Brasil, é possível perceber que esses saberes e práticas estão na memória e nos relatos sobre fatos cotidianos vividos por mulheres mais velhas que ainda atuam como parteiras, mas há um medo em se afirmarem em suas práticas (CARDOSO, 2012). Dessa forma, este trabalho buscou compreender como o ofício de partejar compõe uma história de vida de uma parteira residente da cidade de Ceilândia-DF. Trata-se da análise de um relato biográfico e descreve a relação com os serviços de saúde e com os médicos e o desconhecimento e preconceito com esse ofício por parte da biomedicina as inibem de expor seus feitos. O objetivo foi analisar a sociocosmologia onde essa parteira se insere, o contexto de socialização deste saber/fazer, de transmissão desse ofício e de circulação de conhecimento. Esta pesquisa é de cunho qualitativo, contará com técnicas do método etnográfico. Foram realizadas perguntas sobre os modos de vida, de pensar e sentir das pessoas, que tem como principal objetivo identificar como a pessoa foi socializada e como a experiência social influi na construção e formação do “eu” e categorias usadas por ela. O referencial teórico está baseado nos conceitos e métodos das Ciências Sociais, compreendendo a noção de cultura enquanto um sistema de símbolos que fornece um modelo “de” e “para” a realidade vivida (GEERTZ, 1989). Neste projeto foi possível observar que ter saúde está vinculado a outras questões, à felicidade, à determinação em tomar decisões e, a saber, lidar com os momentos de tristeza e solidão. Ao mesmo tempo, os serviços públicos de saúde baseados em preceitos da racionalidade científica parece tirar essa autonomia quando questiona esses saberes, em uma tentativa de fazer os sujeitos serem dependentes de seus serviços. ___________________________________________________________________________ ABSTRACT Popular practices of care have marked the lives of people who lived before the consolidation of the Unified Health System (SUS) in Brazil. During this period, in some regions of Brazil, it is possible to see that these knowledges and practices are in memory and reports on daily events experienced by older women who still act as midwives, but there is a fear in asserting themselves in their practices (Cardoso, 2012). Thus, this study sought to understand how the craft of midwifery composes a life story of a resident midwife in City Ceilândia - DF. It is the analysis of a biographical account and describes the relationship with health services and doctors, and how the ignorance and prejudice with this area of biomedicine can inhibit them to expose their deeds. The objective was to analyze the sociocosmology where this midwife fits the context of socialization this knowing/doing, transmission of the task and circulation of knowledge. This research is a qualitative one, will include techniques of ethnographic method. Questions about the ways of life, thinking and feeling of the people, which aims to identify how the person was socialized and how the social experience influences the construction and training of "I” and categories used by it were made. The theoretical framework is based on the concepts and methods of the social sciences, including the notion of culture as a system of symbols that provides a model "from" and "to" the lived reality (Geertz 1989). In this project we observed that being healthy is linked to other issues, happiness, determination of making decisions, namely dealing with moments of sadness and loneliness. At the same time, public health services based on principles of scientific rationality seems to take this autonomy when these knowledge questions in an attempt to make the subject being dependent on their services. |