Resumo: | Este trabalho de monografia pretende abordar as considerações de Walter Benjamin acerca das potencialidades de crítica social a partir da arte. Assim, pretende-se partir de suas concepções epistemológicas das obras de arte como objetos de estudo capazes de fornecer uma verdade histórico-social, como mônadas, que carregariam em si uma historicidade intensiva imanente, bem como da metodologia para uma crítica de arte capaz de fazer com que tal teor das obras venha à tona, revelando-se, assim, também como crítica social. Em seguida, a partir do diagnóstico de Benjamin acerca da destruição, na modernidade, da experiência e das tradicionais formas de narrativa que nela se sustentavam, surge a questão de pensar a construção de novas linguagens artísticas a partir das quais se possa estabelecer uma relação entre arte e crítica social, novas possibilidades formais para uma nova função social da arte, de engajamento e intervenção política, opondo-se ao status de autonomia da arte adquirido na sociedade burguesa. Tendo em vista tais considerações, pretende-se, nos momentos seguintes, abordar suas interpretações acerca do surrealismo e do teatro épico de Bertolt Brecht, fenômenos da arte moderna que, salvo suas especificidades, são marcados explícita e conscientemente pela historicidade em sua própria forma, pela ruptura frente à tradição e por um projeto de crítica social. Neste contexto, temos a valorização de Benjamin da imagem, da figura do corpo humano e dos procedimentos de montagem, voltados para um choque perceptivo, típicos das vanguardas históricas. Este parece ser o cerne em torno do qual irão girar as interpretações de Benjamin acerca das potencialidades de crítica social e atuação política de tais fenômenos artísticos. Buscaremos, então, mostrar que sua concepção de crítica histórico-social gira em torno de noções como a de destruição de uma dada configuração factual dos fenômenos em seus elementos constitutivos, trazendo à tona a possibilidade de uma outra organização, e de interrupção de uma narrativa linear e oficial da história, que permita vir à luz uma história esquecida ou recalcada da perspectiva dos historicamente explorados. |