Resumo: | A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma doença heteroxênica, de caráter zoonótico com distribuição mundial. O principal vetor nas Américas é a fêmea de um artrópode, díptero, Lutzomyia longipalpis. O agente etiológico é a Leishmania chagasi (sinônimo L. infantum), parasita intracelular obrigatório do sistema fagocítico-mononuclear que afeta qualquer tecido ou víscera dos mamíferos levando a um quadro de emagrecimento progressivo, fraqueza, anorexia, úlceras mucocutâneas, conjuntivites, onicogrifose, hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia generalizada, insuficiência renal e óbito. A fisiopatogenia está ligada à resposta imunológica deficiente contra o agente. Animais resistentes conseguem eliminar o parasita ou albergá-lo sem apresentar sinais. Em contrapartida, animais susceptíveis apresentam deficiência em controlar o agente, contribuindo para sua multiplicação no interior de macrófagos e sinais clínicos mais severos. O diagnóstico da LVC pode ser feito pelos métodos parasitológicos, sorológicos e moleculares. Entretanto, os testes sorológicos, que são mais frequentemente empregados na rotina, podem apresentar resultados falso-positivos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar as técnicas de citopatologia, histopatologia e imuno-histoquímica, como métodos diagnósticos complementares aos testes sorológicos, no diagnóstico da LVC. Neste estudo foram utilizados 10 cães naturalmente infectados com diagnóstico soropositivo para LVC em testes sorológicos e citopatológicos. Amostras de linfonodos, baços e medulas ósseas foram processadas e detectaram-se formas amastigotas em 100% dos animais analisados. As três técnicas demonstraram alta especificidade, porém a técnica de imuno-histoquímica possui maior sensibilidade. A citopatologia é de baixo custo, de fácil aplicação, pouco invasiva e de rápida execução, sendo recomendada como método de triagem para formas amastigotas, enquanto que as outras duas podem ser usadas como exame confirmatório. _________________________________________________________________________________ ABSTRACT Canine visceral leishmaniasis (CVL) is a heteroxenic zoonotic disease with worldwide distribution. The main vector in the Americas is the female of an arthropod, Diptera, Lutzomyia longipalpis. The etiologic agent is Leishmania chagasi (synonymous L. infantum), obligate intracellular parasite of mononuclear phagocyte system affecting any tissue or viscera of mammals leading to a framework of progressive weight loss, weakness, anorexia, mucocutaneous ulcers, conjunctivitis, onychogryphosis, hepatosplenomegaly, generalized lymphadenomegaly, renal failure and death. The pathogenesis is linked to deficiency in the immune response against the agent. Resistant animals can eliminate the parasite or host it without showing signs. However, susceptible animals are deficient in controlling the agent, which results in the parasite multiplication in macrophages and more severe clinical signs. The diagnosis of CVL can be done by parasitological, serological and molecular methods. However, the serological tests, more frequently used, may have false-positive results. Therefore, the goal of this study was to evaluate cytopathology, histopathology and immunohistochemistry as auxillary diagnostic methods, in ensemble to the serological tests, in the diagnosis of CVL. Ten naturally infected CVL dogs, diagnosed with serological tests, were used in this study. Samples from lymph nodes, spleen and bone marrow were processed and amastigotes were detected. A 100% of tested dogs were positive to CVL. All three techniques have shown high specificity, but immunohistochemistry was more sensitive. The cytopathology is cheap, easy to apply and is ready in few minutes and is recommended as a screening method, while the other two can be used as a confirmatory test. |