| Resumo: | O estudo tem como objetivo vivenciar situações concretas de avaliação, diagnóstico e intervenção psicopedagógica no âmbito do desenvolvimento da leitura e da escrita de crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental. O estudo defende que atividades lúdicas são importantes para o desenvolvimento da linguagem e para a alfabetização, pois a brincadeira é uma linguagem natural da criança e deve ser estimulada na escola e fora dela, no ambiente familiar. Nesse contexto, o ensino da leitura e da escrita insere-se na aprendizagem significativa e da funcionalidade da linguagem, não distanciando de sua finalidade primordial, a comunicação. Porém, as crianças deparam-se com uma aprendizagem dupla, precisam conhecer o sistema de codificação da escrita alfabética, por outro lado a linguagem escrita com modos discursivos que resultam na utilização da escrita. Nessa perspectiva é importante se ter a noção que se aprende a ler e escrever, lendo e escrevendo, e que os erros devem ser naturais nesse processo de exploração. Porém, por vezes esses erros se tornam constantes e persistentes e, assim, a criança desenvolve dificuldades mais acentuadas no processo de alfabetização. Nesse sentido, o olhar do psicopedagogo é relevante tanto para o embasamento teórico de pesquisas, quanto pela sua contribuição para a atuação clínica, ou em um ambiente escolar do profissional que lidará com certa frequência, com casos onde as dificuldades de alfabetização e aprendizagem envolvem vários fatores que não apenas a criança. É preciso uma multidisciplinaridade para compreender e atuar diante da dificuldade apresentada e um trabalho em equipe para o melhor desenvolvimento da criança. A pesquisa documental é complementada por um estudo de caso realizado com uma criança de oito anos, que frequenta aulas de reforço pedagógico na escola e foi indicado pela professora regente por apresentar dificuldade no processo de aquisição de leitura e de escrita e de interpretação de textos. Como procedimentos adotados para o método de interveção foram realizadas quatro sessões de avaliação psicopedagógica e seis sessões de interveção psicopedagógica. As sessões foram realizadas na escola do estudante e tiveram a duração média de 1h30. O processo de avaliação incluiu análise da ficha individual do aluno, discussão do caso com a professora regente, atividades individuais e em grupo. Atividades foram propostas em um grupo de até três componentes e uma privilegiando a turma toda, composta por dezesseis alunos. A pesquisa constatou que a avaliação psicopedagógica mostrou-se um recurso importante para a caracterização da real dificuldade existente e possibilitou o delineamento de uma intervenção voltada para o desenvolvimento global da criança. A avaliação e a intervenção psicopedgógica também podem contribuir na orientação de pais, levando-os a repensar suas atitudes como educadores e a perceber a importância de suas ações em casa ou nos contextos vividos pela criança fora do ambiente escolar. O envolvimento familiar pode favorecer oportunidades de desenvolvimento e o desempenho escolar das crianças nessa fase. Na escola, o psicopedagogo pode contribuir, com sua intervenção e mediação, para atenuar as situações de dificuldade e de risco, bem como atuar na preparação profissional e na melhoria da qualidade do trabalho educativo. Conclui-se que a intervenção profissional no âmbito escolar e, mais especificamente, no contexto alfabetizador, deve procurar compreender a realidade escolar como um todo, atentando-se para os diversos aspectos que a compõem. Deve-se ter uma visão sistêmica da aprendizagem e das dificuldades surgidas nesse processo, pois muitas vezes estão relacionadas a diversos fatores da vida da criança, muitos deles não ligados diretamente ao processo de aquisição da leitura e escrita. Assim sendo, cabe ao psicopedagogo considerar todas estas variáves e valorizar o aprendiz como sujeito do conhecimento e a escolar, como espaço privilegiado de formação desse sujeito. |
