O segredo das Cecropias : testando um método para estimar idade de um fragmento florestal secundário no Cerrado

Abstract

Na savana brasileira, a agricultura de corte e queima é principalmente efetuada em matas de galeria inundável, devido à fertilidade e humidade natural dos solos, produzindo um mosaico de áreas cultivadas, florestas secundárias (capoeiras) e florestas maduras. A identificação do tempo desde a última perturbação é essencial para acompanhar a dinâmica de recuperação da vegetação secundária, especialmente para ajudar os processos de tomada de decisão dos investigadores, gestores ambientais, e comunidades locais. Espécies do género Cecropia podem datar distúrbios recentes de florestas secundárias, conforme observado na Amazónia. Utilizámos a espécie Cecropia pachystachya Trécul como modelo para determinar a idade de um fragmento de floresta secundária. Aliámos a identificação dos ritmos biológicos a partir de marcadores morfológicos ao conhecimento ecológico tradicional local. O objetivo deste trabalho foi (i) identificar ritmos de floração, crescimento e (ii) verificar se a espécie C. pachystachya pode ser um indicador da idade das capoeiras de diferentes idades. No campo, cortamos 10 indivíduos, medimos o comprimento dos internódios e a presença/ausência (marcadores morfológicos) dos ramos e inflorescências, e entrevistamos um agricultor sobre a idade da área. Construímos para todos uma sequência trivariada, cada variável refletindo os processos de alongamento, ramificação e floração. Foram reveladas periodicidades nos ritmos de crescimento. A idade estimada das árvores e a memória dos agricultores da idade de pousio são semelhantes 6/7 anos.