Ceratite pigmentar em pugs

Abstract

A ceratite pigmentar consiste na presença de pigmentação na córnea, que afeta o epitélio e, em alguns casos, o estroma corneano. Seu desenvolvimento é progressivo, principalmente em raças predispostas como as braquicefálicas e, por isso, o diagnóstico precoce é essencial para um bom prognóstico. A pigmentação se desenvolve a partir da face medial do limbo, com risco de invasão do eixo visual e possível cegueira nos casos graves. O pigmento progride através da migração centrípeta de melanócitos da região límbica e perilímbica do olho, que se estabelecem no epitélio corneano secundário a uma resposta inflamatória crônica. Diversos podem ser os fatores que levam à irritação crônica da córnea, como anormalidades conformacionais geradas pela síndrome ocular braquicefálica; alterações palpebrais e distúrbios ciliares; além de doenças imunomediadas, como ceratoconjuntivite seca e ceratite superficial crônica. Raças braquicefálicas podem desenvolver pigmentação na córnea mesmo que esta não apresente inflamação local intensa, logo, possíveis causas genéticas para o seu desenvolvimento não podem ser descartadas. Por consistir em um sinal clínico, após a identificação da pigmentação, a causa subjacente deve ser investigada, pois sua retirada sem o devido tratamento pode resultar em novas pigmentações. Devido à alta suscetibilidade racial dos Pugs para o desenvolvimento da ceratite pigmentar, mais informações acerca da patogênese são necessárias para um melhor controle da progressão da doença e desenvolvimento de estratégias de tratamento.