Estética do corpo : ex-crição de corpos trans na poesia contemporânea brasileira

Abstract

Este trabalho, a partir de uma seleção de poemas coletados em antologias, sites eletrônicos, livros físicos, ateliês e performances, buscou propor um diálogo entre a poesia contemporânea brasileira escrita por poetas trans (independentemente de serem travestis, não-bináries, mulheres trans, homens trans, agêneros ou gênero flúido); a teoria queer; conceitos da teoria literária e noções filosóficas sobre corpo (majoritariamente trabalhos produzidos após a “Desconstrução” francesa das décadas de 70-80). Tendo como parâmetro a análise dos textos, buscou-se observar como essas teorias (ou a falta delas, a partir de novas noções sobre corpo que, não necessariamente, dialoguem com as articulações feitas dentro do âmbito acadêmico e fora dele) coadunam-se com a produção literária, uma estendendo, esticando e editando a outra. Para isso, tomou-se como motor da discussão o texto Corpus, de Jean-Luc Nancy (apenas pela radicalidade apresentada pelo autor, que propõe rupturas com binarismos significante/significado para se pensar o corpo) a ideia de “edição de corpo” inscrita em Experiências sobre editar um corpo, da poeta brasileira Letícia Féres (pelo seu aproveitamento nas distenções a respeito do corpo, identidade e linguagem). Esta dissertação funciona enquanto uma introdução à discussão, podendo e devendo ser expandida e contradita, abarcando cada vez mais contribuições da comunidade trans brasileira.