Automedicação para dor de dente em crianças : estudo transversal

Abstract

A automedicação para o tratamento dor odontogênica é uma prática comum no Brasil. Quando envolve crianças, levanta questões importantes relacionadas à segurança do uso de medicamentos, pois esse público é mais vulnerável a efeitos adversos e sobre-dosagem. O objetivo desse estudo foi construir, validar e aplicar um questionário para avaliar e caracterizar a prática da automedicação realizada por pais ou responsáveis de crianças sob atendimento odontológico. Um questionário foi construído, validado e aplicado por meio de entrevista pessoal em clínicas de ensino de duas instituições de ensino superior do Distrito Federal. As frequências absolutas e relativas das variáveis categóricas foram calculadas por meio da estatística descritiva. Os dados quantitativos foram apresentados como média e desvio padrão. O teste do chi-quadrado foi utilizado para medir a associação entre as variáveis estudadas e a automedicação. Cento e cinco participantes foram entrevistados no período compreendido entre agosto de 2019 a novembro de 2020. A idade média dos participantes foi 37(±9) anos, a maioria foram mães das crianças (78%), e usuários do serviço público de saúde (94,2%). A renda familiar média foi de 1,88 salários mínimos e o nível educacional mais prevalente foi o do ensino médio completo (40%). A despeito do alto grau de conhecimento acerca da segurança do uso de medicamentos, a automedicação foi praticada em 50%. A dificuldade de acesso ao tratamento odontológico foi apontada pela maioria como justificativa. A prática da automedicação foi associada à odontalgia, ao uso contínuo de medicamentos e a hábitos familiares de automedicação.