Resumo: | A produção de biochar a partir da pirólise do lodo de esgoto (LE) é uma alternativa para tornar este resíduo útil para fins agroambientais. Apesar dos avanços na compreensão das funções do biochar de LE na melhoria da qualidade do solo, ainda é necessário compreender o efeito da pirólise sobre o teor de metais pesados (MP) no biochar e a dinâmica desses metais após aplicação desse material no solo. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de biochars de LE obtidos a diferentes temperaturas de pirólise no acúmulo e disponibilidade de MP em um Latossolo Vermelho Amarelo distrófico típico do Cerrado brasileiro. Para tal, em um experimento de campo, foram aplicados 15 Mg ha-1 de biochar de LE produzido a 300 °C (BC300) e 500 °C (BC500) para cultivo de milho. Foram determinados os teores totais e disponíveis de MP no LE, nos biochars e no solo pós-colheita. A pirólise concentrou MP totais nos biochars em relação ao LE. Entretanto, a disponibilidade de MP foi reduzida com o aumento da temperatura de pirólise devido ao aumento no pH, volume de poros, área superficial específica, teor de P e K, e redução da relação H/C. Quando aplicado ao solo, na dose utilizada, o biochar não alterou os teores totais de MP, com exceção de Zn e Mn, nem mesmo aumentou sua disponibilidade. Em relação aos MP totais, os teores disponíveis de todos os MP no solo foram inferiores a 1,2%. Além disso, os teores disponíveis de Zn e Mn, quando avaliados como micronutrientes, são considerados baixos. Portanto, os resultados do presente trabalho indicam que o biochar produzido a partir de LE de estação de tratamento do Distrito Federal (DF) pode ser usado na agricultura, sem riscos para a contaminação do solo por MP. |