Resumo: | Contaminantes emergentes podem ser definidos como um grupo de compostos químicos – tais como fármacos, produtos de higiene pessoal, plastificantes, entre outros – cuja ocorrência ou relevância foi apenas recentemente constatada. O lago Paranoá, localizado no Distrito Federal, por se tratar de um corpo receptor de efluentes de duas estações de tratamento de esgoto e, recentemente, também ter se tornado um dos mananciais de abastecimento para Brasília, tem sido alvo de pesquisas quanto à presença, concentração e risco associados aos contaminantes emergentes. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo geral avaliar a relação entre o consumo de três fármacos (atenolol, carbamazepina e sulfametoxazol) e a concentração encontrada nos afluentes das estações de tratamento de esgoto. Para atingir os objetivos propostos, um modelo teórico de aporte de fármacos foi proposto. O modelo toma por base dados como o consumo dos compostos-alvo no Distrito Federal, vazão afluente de cada ETE, população atendida por cada estação e valores de remoção esperada. A proposição do modelo exigiu que os fármacos fossem avaliados, na revisão bibliográfica, quanto à sua toxicidade, degradabilidade e remoção nos processos de tratamento de esgoto. Para verificação do modelo, e avaliação de risco, foram quantificadas amostras coletadas após o decantador primário e no canal de lançamento de efluente final, para ambas as ETEs Brasília Norte e Sul, além de outros cinco pontos de interesse no lago. O modelo apresentou resultados satisfatórios para a carbamazepina, mas, para o sulfametoxazol, apresentou tendência de superestimar as concentrações. Para a avaliação do risco ambiental, foram utilizados valores de referência de dois autores diferentes. Os quocientes de risco verificados indicam que a carbamazepina e, principalmente, o sulfametoxazol devem ter suas concentrações monitoradas, uma vez que situações de risco ambiental já foram verificadas com as concentrações atuais. |