Referência: | RODRIGUES, Isaac Jader. O trabalho e a emancipação da mulher: um contraponto entre as personagens femininas de Iaiá Garcia, de Machado de Assis, e A estrela sobe, de Marques Rebelo. 2015. 34 f. Monografia (Licenciatura em Letras Português)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015. |
Resumo: | Entre as publicações dos livros Iaiá Garcia (1878), de Machado de Assis e A estrela
sobe (1939), de Marques Rebelo, houve um transcurso temporal de 61 anos. Nesse
período, a mulher conseguiu aumentar sua participação em questões que antes
eram nomeadamente da atenção dos homens, como a política. Na primeira obra
mencionada, a atuação das personagens femininas fica voltada, sobretudo, ao
ambiente familiar. Enquanto os homens exercem funções públicas, negociam
mercadorias, vão à guerra, entre outros, as mulheres dedicam-se ao matrimônio. Por
outro lado, no livro A estrela sobe, a protagonista está sempre envolvida em
atividades externas ao lar. Graças a um conjunto de eventos históricos, como a
necessidade de mão de obra e o movimento feminista, a mulher pôde, entre a
segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, intensificar sua
migração dos espaços privados para os espaços públicos. Com isso, ela passou a
enfrentar novas provações. Enquanto a mulher estava sob o apogeu da ideologia do
patriarcado, a submissão ao homem era o seu fardo; superado esse momento, ela
passou a enfrentar as crueldades do capitalismo. Convém destacar que em
quaisquer das situações, as mulheres demonstraram força e graciosidade para lidar
com as dificuldades que se punham diante delas. O processo de emancipação ora
descrito foi captado e registrado na literatura. Verificamos, a partir da leitura
comparada das obras Iaiá Garcia e A estrela sobe, um desenvolvimento da
representação feminina nas relações sociais. A participação, na economia, das
personagens femininas quase não aparece no primeiro livro. No entanto, na
segunda obra, a atuação da mulher ganha cenário na máquina produtiva. Ao
espelhar os fatos da vida real, a sexta arte coloca em evidência aspectos que
passam despercebidos em nosso cotidiano. Dessa forma, salienta-se a importância
da literatura. A leitura de livros de autores consagrados permite a apropriação das
percepções desses mestres, que tinham enorme sensibilidade sobre as questões
sociais. |