Resumo: | Apagamento encontra seu lugar nessa desestrutura poética. Um texto que compõe um capítulo de um livro é rasurado. As palavras são apagadas com a ajuda de lápis borracha. As folhas são desgastadas de forma determinada e insistente pela tentativa do apagamento e, muitas vezes, chegam a rasgar. O apagamento não consegue alcançar seu sentido pleno: o estado da folha totalmente branca. Ora é mais bem sucedido, ora menos. Algumas palavras são deixadas propositalmente intactas e o seu negro intenso contrasta com as rasuras profundas que as envolvem. Assim, em meio ao apagamento, surge a “fala de fragmento”1. Palavras soltas do autor resistem às rasuras e se tornam, momentaneamente, palavras de quem apaga o texto. São vestígios, rastros, um discurso desconstruído. Assim, a experiência de Apagamento não se reduz ao resultado de um livro rasurado. É, antes de tudo, um envolvimento ativo com o fazer. Apagamento é, assim, uma intervenção no texto, trabalhando, ao mesmo tempo, no texto, com o texto e contra o texto. |