Resumo: | Este trabalho possui uma abordagem crítica ao descrever a relação do imaginário do trabalhador diante dos discursos organizacionais em gestão de pessoas em uma empresa adquirida. A visão do trabalhador dos discursos organizacionais utilizados durante o processo de transição é analisada através de um foco crítico, onde mais do que se identificar os discursos, procura-se demonstrar, com base no referencial teórico estudado, as intenções por trás daqueles. Com o advento da globalização as grandes corporações aumentaram sua influência, seu campo de atuação, poder de barganha e peso na economia global. A busca de uma maior capacidade produtiva e do controle de mercados cada vez maiores fica claro diante do fato de poucas delas dominarem a maioria das principais cadeias de produção. Isto fica cada vez mais evidente quando observamos a onda de fusões, aquisições e joint ventures por que passa o mercado. Ao adquirir uma empresa, a adquirente tende a impor à adquirida sua forma de ser, suas práticas, cultura e qualquer ferramenta de controle psico-social que esta já possua sobre seus funcionários. A proposta apresentada pela nova empresa, assim como os discursos organizacionais inseridos nela, são estudados neste trabalho através da visão dos trabalhadores que vivenciaram o processo transitório. A metodologia utilizada foi a de pesquisa qualitativa semi-estruturada, através de entrevistas com perguntas abertas realizadas diretamente pelo pesquisador com cinco funcionários de uma empresa adquirida que vivenciaram diretamente o processo de transição, que foram transcritas e submetidas à análise do conteúdo. Como resultado de pesquisa, foram apresentadas nove categorias identificadas nas verbalizações dos entrevistados. São elas: a santa madre empresa, o compromisso com o resultado, a reguladora da moral, um espaço de oportunidades, a fonte de conhecimento, o microuniverso familiar da equipe, vantagens inerentes a segurança e a estrutura, a salvadora e integrante da comunidade e, por fim, humanização, valorização e reconhecimento do funcionário. As principais conclusões foram que a organização age nas mais diferentes esferas do indivíduo, seja na psicológica, na pessoal, familiar, nos sonhos, social, profissional, econômica e política. De acordo com os dados coletados foi-se constatado que a influência da organização é tamanha que a identidade do trabalhador é suplantada por sua identidade organizacional, seus sonhos e planos são guiados segundo as vontades regidas pelo capital. Ao entrar, o trabalhador é um, ao sair é o produto do que a empresa o fez. Não só a ele, mas sua família e sociedade são diretamente influenciados pela organização que busca poder diante dos indivíduos e à sociedade com seu objetivo mor: o resultado. |