Resumo: | O presente trabalho se propõe realizar um estudo do discurso sociológico da modernidade, notadamente no que se referem as suas abordagens pós-coloniais e decoloniais, buscando compreender alguns desses movimentos críticos à modernidade europeia no que toca a sua dimensão epistemológica. Este trabalho ambiciona, em particular, examinar as convergências e divergências entre as propostas de novas epistemologias lançadas nas obras de dois autores pós-coloniais representantes de duas escolas teóricas distintas, nomeadamente, o Grupo de Estudos Subalternos Indianos e o Grupo Latino-americano Modernidade/Colonialidade. As obras que se pretende aqui analisar são, respectivamente, Provincializing Europe (2000) do historiador indiano Dipesh Chakrabarty e Histórias locais/Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar (2003) do sociólogo argentino Walter Mignolo. Tais obras forneceram importantes contribuições para a constituição da singularidade da crítica de cada um desses movimentos teóricos e, por tal razão, dentre uma miríade de produções, foram aqui selecionadas para a construção do debate apresentado. Situado entre as principais produções dos Estudos Subalternos Sul-asiáticos, Provincializing Europe de Chakrabarty forneceu, a partir de uma releitura da narrativa histórica indiana, uma das mais proeminentes críticas à tradição historicista das ciências sociais. Da mesma forma, em Histórias locais/Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar, Mignolo elabora, a partir do diálogo com teóricos do chamado Terceiro Mundo, uma minuciosa crítica ao subalternização epistemológica, consolidando-se como um dos porta vozes do projeto da decolonialidade do saber. Trata-se, portanto, de autores bastante representativos dos movimentos pós-coloniais e decoloniais e, por conseguinte, de suma relevância para a discussão aqui proposta. |